Bolsonaro fará novo exame do coronavírus em sete dias
Por: FolhaPress
O presidente Jair Bolsonaro informou nesta sexta-feira (13) que o exame da contraprova realizado por ele no dia anterior mostrou que ele não foi contaminado...
Por: FolhaPressO presidente Jair Bolsonaro informou nesta sexta-feira (13) que o exame da contraprova realizado por ele no dia anterior mostrou que ele não foi contaminado pelo coronavírus durante viagem aos EUA.
Como medida de precaução, no entanto, ele começou a seguir protocolo de segurança orientado pela equipe médica da Presidência para evitar o risco de contágio.
A expectativa é que Bolsonaro faça dois novos exames -o primeiro em 7 dias, o segundo em 14- seguindo parte do protocolo da Operação Regresso (que trouxe 34 brasileiros que estavam em Wuhan, na China). Esse é o período de incubação do vírus.
Antes do resultado definitivo, o presidente demonstrou preocupação em estar contaminado. Ele voltou da viagem com um leve resfriado, segundo relatos de aliados, mas não apresentou demais sintomas como tosse e febre.}
Na quinta, ao receber telefonemas de deputados, ele os orientou a não visitá-lo por receio de estar doente. Ao longo do dia, inclusive durante a live semanal, usou máscara cirúrgica, também adotada por assessores e seguranças.
O anúncio de que não contraiu a doença foi feito pelo presidente em suas redes sociais. Ele fez o teste após a confirmação de que o chefe da Secom da Presidência, Fabio Wajngarten, 44, contraiu o coronavírus. Os dois viajaram juntos aos EUA de sábado (7) a terça-feira (10) e estiveram reunidos com o presidente Donald Trump.
Segundo assessores palacianos, durante viagens presidenciais o celular do presidente costuma ficar com o secretário, o que aumentou o receio de contaminação.
Além de Wajngarten, a advogada Karina Kufa, que presta serviços para o presidente, também foi diagnosticada com coronavírus. Ela acompanhou a comitiva aos EUA.
Karina trabalha na criação do novo partido do presidente, a Aliança pelo Brasil. Ela é a tesoureira da legenda.
Procurada pela reportagem com questionamentos sobre as próximas etapas de monitoramento de Bolsonaro, a Secom não quis comentar. Já foram divulgadas as agendas dos próximos dias, e não há compromissos previstos para este fim de semana nem na segunda-feira (16).
Na terça-feira passada, em Miami, Bolsonaro chegou a chamar os impactos do coronavírus de "mais fantasia". Ao saber da contaminação de Wajngarten, a Casa Branca afirmou que Trump e o vice-presidente Mike Pence não seriam testados. "Deixa eu colocar da seguinte maneira: não estou preocupado", afirmou Trump a jornalistas.
O exame para coronavírus foi realizado por outros integrantes da comitiva presidencial: os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Fernando Azevedo (Defesa), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), além da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
"Todo mundo deu negativo. Todo mundo. O presidente está ótimo, feliz e animado", afirmou o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, em entrevista à Folha de S.Paulo.
O ministro disse que o Palácio do Planalto discute a edição de uma MP (medida provisória) para garantir ao menos R$ 5 bilhões para o combate ao avanço do coronavírus.
A iniciativa já tem sido elaborada pela Subchefia para Assuntos Jurídicos. E a expectativa é de que seja publicada na próxima semana.
A medida, de caráter orçamentário emergencial, atende demanda do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Em audiência no Congresso, o ministro solicitou aos deputados e senadores que destinassem os recursos para o combate à pandemia por meio das emendas de relator.
Ramos afirmou que o governo está em fase de tratativas para uma iniciativa de socorro às empresas aéreas, duramente afetadas pela pandemia de coronavírus.
Uma das ideias em análise é a edição de um pacote que inclua desoneração temporária da folha de pagamento.
"Está tudo normal. O presidente vai trabalhar normal. Normal como o Carnaval. Está tudo bem", disse o ministro. Apesar da declaração de Ramos, o presidente recebeu a recomendação de não correr riscos de contágio.
Nesta sexta, por exemplo, ele manteve distância segura de um grupo de eleitores que o esperavam na frente do Palácio da Alvorada. "Apesar do meu teste ter dado negativo, não vou apertar a mão de vocês", disse.
"Nunca tinha visto ali qualquer problema, se bem que para a imprensa que está ouvindo ali, se eu estivesse com o vírus ou não estivesse, não estaria sentindo nada", acrescentou.
Bolsonaro costuma cumprimentar os apoiadores e fazer selfies com eles.
A partir de agora, o acesso de pessoas ao Planalto deve também ser mais restrito; eventos e solenidades devem ser suspensos. Bolsonaro foi aconselhado ainda a evitar aglomeração até pelo menos o mês de maio.
Depois de minimizar impactos do vírus dias atrás, Bolsonaro usou máscara na live que fez na quinta e sugeriu a seus apoiadores a suspensão dos atos marcados para domingo (15) com pauta em defesa do governo e de ataques ao Congresso e Judiciário.
"Tem um aspecto que precisa ser levado em conta. Existe [a manifestação], é mais um agrupamento de pessoas. Então a população está um tanto quanto dividida", disse.
A partir de agora, os auxiliares presidenciais que estão no exterior devem cumprir um período de quarentena preventiva depois de retornarem de suas agendas.
É o caso dos ministros Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) e Ricardo Salles (Meio Ambiente), que estão em Portugal e nos EUA, respectivamente. Na quinta, após a live em redes sociais, Bolsonaro fez um pronunciamento em rede nacional e disse que os atos do dia 15 eram "espontâneos e legítimos", "atendem aos interesses da nação" e "demonstram o amadurecimento da nossa democracia presidencialista". "Precisam, no entanto, diante dos fatos recentes, ser repensados", afirmou.