Guilherme Patriota: "As andanças de Itapetim ao mundo"

Exposição Fluxo fantasia, na Torre Malakoff, apresenta um passeio por mais de duas décadas de intensa produção do multiartista Guilherme Patriota

Por João Paulo Pereira em 16/01/2022 às 08:34:47
Guilherme Patriota. Foto: Divulgação

Guilherme Patriota. Foto: Divulgação

O multiartista pernambucano Guilherme Patriota possui trajetória marcada pelas andanças desde a saída de casa ainda aos 14 anos em Itapetim, Sertão do Pajeú, ao percorrer o Nordeste, a América Latina e o mundo em um processo contínuo de formação artística. São caminhos que resultaram numa infinidade de obras criadas ao longo de duas décadas, passando por diversas linguagens, estilos e temáticas, das videoartes pautadas pelos lugares e pelas pessoas que conheceu, das fotografias urbanas e dos desenhos que abraçam o nanquim e a explosão de cores. Recortes significativos desses passeios estarão em exibição a partir deste sábado (15) na exposição Fluxo fantasia, que ocupará o primeiro andar da Torre Malakoff, no Bairro do Recife.

"É uma exposição baseada no meu percurso de vida, na qual trabalhamos muito a questão da fluidez, já presente no título. É um apanhado que surge a partir do meu próprio apanhado cultural, das minhas leituras, dos meus filmes, das minhas vivências sociais, dos locais que vivi e dos personagens que encontrei. É algo simples, mas ao mesmo tempo complexo, tudo imbricado nesse trabalho curatorial que foi realizado", diz Guilherme. O projeto conta com curadoria de Laura Sousa e Renata Pimentel, que mergulharam em um acervo de mais de mil trabalhos para reunir 42 desenhos, 75 fotografias e dois vídeos artísticos.

No ano passado, Patriota inaugurou a exposição online Os descamisados ou releituras indecentes de uma história da arte mal contada, com 31 desenhos, que agora podem ser contemplados fisicamente na primeira exposição individual do artista. Com a instalação em quatro salas da Torre, o público poderá ter uma fruição diferente do trabalho, podendo acompanhar o movimento proposto pelos diferente suportes, como a série de fotografias Recife Mobille, produzida com smartphones pelas ruas da capital, ou os vídeos produzidos com materiais de suas viagens, envoltos pelo conceito temático que batizou de "Gentelugar" e "Lugargente".

"A exposição começa a ser pensada por Laura, que me acompanha desde 2016, e foi realizada com a junção de Renata, duas mulheres inteligentíssimas que possuem uma visão muito bacana de mundo e que foram observando minha atitude e analisando o material que eu tinha. É muito doido isso para mim, porque é muita coisa produzida, mas com ela já montada, você vê como elas foram muito felizes em traçar esse percurso proposto", afirma. "Eu vejo e sinto minha memória afetiva e artística, de um processo que vem desde 1999, passando pela minha frente, dos cantadores de viola do Pajeú, da Europa, do Recife e da minha família."

Agora, a exposição artística dessas andanças vem em um momento único na história do mundo na restrição de andanças e mobilidade. A partir desse contexto, Guilherme acredita que sua exposição acaba por tornar plena uma função da arte de propor outros cenários de vida e perspectivas para um futuro que o mundo volte a ser dinâmico como era. "Um dos papéis da arte é deslocar você para uma outra realidade, que às vezes não é aquela que você não está podendo buscar. Acredito que uma exposição que tem esses conceitos sobre deslocamentos pode trazer algum alento e esperança para as pessoas ou até mesmo um processo de educação sobre o que estamos vivendo."

A exposição fica aberta até 30 de março, com visitação de terça a sexta, das 11h às 17h, e sábados e domingos, das 14h às 17h, com entrada gratuita e obrigatoriedade do cartão de vacinação.

Fonte: Por Rostand Tiago - Diário de Pernambuco

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