Pernambuco confirma caso de raiva humana; paciente foi mordida por sagui e está internada em estado grave

Por João Paulo Pereira em 09/01/2025 às 20:13:51

Uma mulher de 56 anos está internada no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), em Santo Amaro, área central do Recife, após ser atacada por um sagui na mão esquerda.

Ela deu entrada na unidade hospitalar no dia 31 de dezembro, com um quadro de dormência que se irradiou para o tórax, dores e fraqueza.

A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) informou que, às 23h da terça-feira (9), o exame realizado pelo Instituto Pasteur, em São Paulo, confirmou a infecção pelo vírus da raiva.

O último caso de raiva humana em Pernambuco, antes desse, ocorreu em 2017.

"A paciente foi atendida no dia 31 dezembro e, no dia 2 de janeiro, teve uma piora significativa, indo para a ventilação mecânica e apresentando um quadro neurológico grave de agitação, além de insuficiência respiratória", informa a médica do Huoc, Ana Flávia Campos.

"De lá para cá, não precisou de suporte, urina bem, não tem sinais de infecção bacteriana secundária e está seguindo sob sedação profunda. Ela continua sendo monitorada pela equipe médica acerca de possíveis complicações da doença, seguindo com o tratamento e observando caso apareça algum aumento significativo dessas dificuldades", acrescenta.

A paciente mora em Santa Maria do Cambucá, cidade localizada no Agreste do Estado.

O laudo do exame demonstra que o vírus encontrado é de origem silvestre. Segundo relatos da investigação, nos dias anteriores ao contato da paciente com o animal, ocorreram queimadas na região, o que resultou na fuga do animal da mata e contato com a mulher.

"Há oito anos, não é identificado caso de raiva em humanos no Estado. A vigilância identifica o vírus da raiva em animais silvestres, de mata. Esses animais são diferentes dos domésticos, que devem ser vacinados contra a doença", destaca o diretor-geral de Vigilância Ambiental de Pernambuco, Eduardo Bezerra.

Em caso de agressão de animais silvestres, a primeira medida de prevenção é procurar assistência médica para que seja realizada a profilaxia. Após análise do profissional de saúde, será indicada a aplicação de vacina e/ou soro.

"A raiva é uma doença rara, mas é fatal. A população precisa ter esta consciência. Após mordedura ou arranhadura por algum animal, mesmo que ele seja vacinado contra doença, é obrigatório que se procure o serviço de saúde para que o profissional capacitado verifique se é necessário realizar a profilaxia. E essa procura deve ser imediata", ressaltou Ana Flávia Campos, quando concedeu entrevista ao JC, em junho de 2017, para comentar sobre a morte, naquele ano, de uma paciente com raiva humana.

Raiva humana

A raiva é uma doença infecciosa viral aguda causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, com taxa de letalidade de 100%.

De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2010 e 2024, foram registrados 48 casos de raiva humana no Brasil.

Desses, nove foram causados por mordidas de cães, 24 por morcegos, seis por primatas não humanos, dois por raposas, quatro por felinos e um por bovino.

Transmissão

A raiva pode ser transmitida ao ser humano através de mordedura, arranhadura ou lambedura de um animal infectado.

Sintomas

Se o ser humano tiver contato com o animal infectado (através de mordedura, arranhadura ou lambedura), após o período de incubação, que varia entre 2 e 10 dias, pode apresentar:

  • Mal-estar geral
  • Pequeno aumento de temperatura
  • Anorexia
  • Cefaleia
  • Náuseas
  • Dor de garganta
  • Entorpecimento
  • Irritabilidade
  • Inquietude
  • Sensação de angústia

À medida que a infecção pela raiva avança, surgem sintomas mais graves e complicações, como:

  • Aumento da ansiedade e da hiperexcitabilidade;
  • Febre;
  • Delírios;
  • Espasmos musculares involuntários, generalizados e/ou convulsões.

Os espasmos nos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem ao tentar ingerir líquidos ou ao visualizá-los, causando sialorreia intensa, também conhecida como "hidrofobia".

Esses espasmos musculares evoluem para paralisia, o que resulta em alterações no sistema cardiorrespiratório, retenção urinária e constipação intestinal.

Além disso, podem ser observados sintomas como disfagia (dificuldade para engolir), aerofobia (medo de ar ou correntes de ar), hiperacusia (sensibilidade excessiva aos sons) e fotofobia (sensibilidade à luz).

Diagnóstico

Obrigatoriamente feito por meio laboratorial pela utilização de técnicas diversas.

Tratamento

A medida mais eficaz é a prevenção, por meio da vacinação pré ou pós-exposição.

A raiva é uma doença fatal, e a principal forma de prevenção é a vacinação, seja antes ou após a exposição ao vírus.

Profilaxia Antirrábica Humana

O Ministério da Saúde adquire e distribui os imunobiológicos necessários para a profilaxia da raiva humana no Brasil:

  • Vacina antirrábica humana de cultivo celular
  • Soro antirrábico humano
  • Imunoglobulina antirrábica humana

Fonte: Cinthya Leite e Equipe/JC Online

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