No áudio, a mulher não identificada cita uma empresa chamada "Bio". Segundo ela, trata-se de um laboratório responsável por transportar órgãos para transplante. A empresa, relata, recebeu uma proposta para transferir pacientes infectados e, durante uma reunião, os principais hospitais de São Paulo revelaram que escondem o número de internados por ordem do governo.
As informações são falsas. Em nota, a Bio Transportes diz que é uma empresa courier especializada no transporte nacional e internacional de amostras biológicas, correlatos, medicamentos, produtos termolábeis, reagentes e documentos. "Ao contrário do divulgado, a Bio Transportes não é um laboratório nem faz transporte de pessoas ou órgãos a serem transplantados", afirma.
Em outro trecho do áudio, a mulher diz que todos os funcionários da empresa foram afastados e orientados a comprar o máximo de mantimentos nos mercados. A Bio nega. "Não há recomendação para os colaboradores ficarem em casa nem para estocar alimentos."
"Todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para identificar e responsabilizar as pessoas envolvidas na divulgação desta fake news. A Bio Transportes não concorda com a divulgação de informações anônimas que visam apenas causar tumulto, alarmismo e que tem alto potencial lesivo a população e à paz social."
A mulher também cita números totalmente irreais. Ela diz que há de 600 a 700 pessoas internadas no Hospital Albert Einstein com o novo coronavírus - sendo 100 entre a vida e a morte na UTI. No Sírio-Libanês, ela diz que há o dobro de pacientes. E afirma que os hospitais estão escondendo os dados "por ordem do governo", para que não gere "um caos muito grande para a população".
O Albert Einstein diz que o áudio é totalmente falso. O hospital diz que há 45 pacientes internados, sendo 21 confirmados e 24 suspeitos para a Covid-19. Desses pacientes, sete se encontram na UTI. As informações se referem ao dia 18 de março.
O Sírio-Libanês também reforça que a mensagem em áudio é falsa. A assessoria do complexo hospitalar diz que um simples fato já torna a mensagem sem total cabimento: existem 474 leitos no hospital. Ou seja, impossível que o Sírio abrigue de 1.200 a 1.400 pacientes internados, como diz a mensagem falsa.
Procurado, o Ministério da Saúde afirma que atua, de forma transparente, prestando esclarecimentos à população e a jornalistas, diariamente, sobre a pandemia do coronavírus. "O número de casos é atualizado todos os dias por meio da Plataforma IVIS e em coletivas de imprensa, transmitidas ao vivo pelas redes sociais."