Operação de combate ao garimpo ilegal destrói quatro aeronaves e 49 acampamentos de invasores na Terra Yanomami

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Por Edvaldo Campos em 12/04/2024 às 16:14:19
Ações ocorreram nos últimos 36 dias, entre 4 e 10 de março e envolvem 21 órgãos do governo federal. Nova fase de desintrusão dos garimpeiros ocorre após a instalação da Casa de Governo em Roraima. Operação de combate ao garimpo destrói 49 acampamentos na Terra Yanomami

As Forças de Segurança do governo federal destruíram quatro aeronaves, 49 acampamentos de invasores, 200 motores, 12 balsas e 36 geradores em uma operação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. O resultado foi divulgado nesta sexta-feira (12). As ações ocorreram nos últimos 36 dias, entre 4 e 10 de março.

A operação envolve 343 servidores e militares, além de 21 órgãos do governo federal. A nova fase ocorre após a instalação da Casa de Governo em Roraima, realizada em fevereiro, que visa frear a crise no território Yanomami.

O levantamento apresentado pela Casa de Governo, contém as medidas realizadas pela operação Catrimani II, das Forças Armadas, e pelos órgãos que atuam no processo de desintrusão. Além da destruição de itens usados na atividade ilegal, a operação apreendeu e inutilizou:

114 kg de mercúrio, metal usado por garimpeiros para separar o ouro de outros sedimentos e, assim, deixá-lo "limpo";

38,4 mil litros de óleo diesel;

6,6 mil litros de gasolina de aviação;

3 balsas;

2 aeronaves;

7,3 mil quilos de cassiterita;

24 antenas Starlink.

"Os resultados já alcançados em 2024 mostram um trabalho articulado, planejado e coordenado. A determinação do presidente Lula é que o Estado assegure a paz e a proteção dos yanomami. Seguimos com o compromisso de cuidar das comunidades indígenas, preservar o meio ambiente, a Amazônia e a Terra Yanomami", afirmou o diretor da Casa de Governo, Nilton Tubino, responsável pela articulação dos órgãos federais envolvidos.

Ainda na ação, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP) realizou a fiscalização de nove pontos de abastecimento e 15 postos revendedores de combustíveis, aplicando 19 autos de infração, três autos de interdição e 26 notificações.

Já na logística a aérea, principal meio usado pelos garimpeiros para acessar a Terra Yanomami, a operação identificou 180 pistas de pouso clandestinas. Somada a essas ações, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) realizou a fiscalização de 121 aeronaves. O piloto de um helicóptero destruído pelo Exército foi preso e a Justiça Federal manteve a prisão.

Operação na Terra Yanomami durou 36 dias

Casa Civil/Reprodução

Terra Yanomami

Com 9,6 milhões de hectares, a Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial e enfrenta uma crise sem precedentes, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa. A crise foi agravada pelo avanço do garimpo ilegal, principalmente nos últimos anos.

Em janeiro de 2023, o governo federal começou a criar ações para enfrentar a crise, com o envio de profissionais de saúde, cestas básicas e materiais para auxiliar os Yanomami. Além disso, forças de segurança foram enviadas para a região para frear a atuação de garimpeiros no território.

Mesmo com o enfrentamento, um ano após o governo decretar emergência, o garimpo ilegal e a crise humanitária permanecem na região.

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) estima que cerca de sete mil garimpeiros ilegais continuam em atividade no território. O número de invasores diminuiu 65% em um ano, se comparado ao início das operações do governo federal, quando havia 20 mil invasores no território.

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Em março deste ano, 600 indígenas, entre pacientes e acompanhantes, estavam vivendo na Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai), na capital Boa Vista. O local recebe os indígenas que estão com doenças mais graves e precisam receber atendimento de saúde dos hospitais na capital.

No dia 2 de abril o Profissão Repórter mostrou como, um ano após a intervenção do governo federal, o garimpo e as doenças trazidas pelos invasores continuam sendo a maior ameaça para os Yanomami.

No último dia 4 deste mês, o Instituto Socioambiental em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou um estudo que mostra que indígenas de nove comunidades da Terra Indígena Yanomami têm alto nível de contaminação por mercúrio. A pesquisa aponta que 94% dos indígenas que participaram da pesquisa estão contaminados pelo metal pesado.

Para tratar à contaminação de indígenas por mercúrio, o governo realizou a capacitação de 29 profissionais de saúde no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami com o curso de Atualização Profissional em Vigilância e Monitoramento de Populações Expostas ao Mercúrio no Brasil.

Além disso, constituiu um grupo de trabalho no Ministério da Saúde para elaborar o Plano Estratégico para Medidas de Atenção, Vigilância e Promoção Integral à Saúde das Populações Expostas e Potencialmente Expostas ao Mercúrio (GT-Mercúrio)

Também iniciou o projeto transversal entre os ministérios da Saúde e do Meio Ambiente e Mudança do Clima denominado Projeto de Monitoramento Ambiental no Território Indígena Yanomami e Alto Amazonas para avaliar a presença de Substâncias Químicas de Interesse (SQI) da atividade de garimpo com uso de mercúrio em rios da bacia Amazônica e propor ações corretivas ou preventivas. O projeto analisa 41 pontos, sendo 26 dentro da terra Yanomami.

Também tratará o risco de contaminação por mercúrio, os projetos de aquicultura a cargo do Ministério da Pesca e Aquicultura, com orçamento previsto de R$14 milhões. A iniciativa está alinhada a estratégia de segurança alimentar dos indígenas e à proteção dos impactos de pescado contaminado.

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Fonte: G1

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