Rubem Fonseca, escritor que renovou a literatura brasileira no século 20, morre aos 94 anos

Por G1 Rio O escritor Rubem Fonseca, que renovou a literatura brasileira no século 20 com uma linguagem coloquial e direta, morreu nesta quarta-feira (15), aos 94 anos, no...

Por João Paulo Pereira em 15/04/2020 às 17:42:37

Por G1 Rio

O escritor Rubem Fonseca, que renovou a literatura brasileira no século 20 com uma linguagem coloquial e direta, morreu nesta quarta-feira (15), aos 94 anos, no Rio. Contista, romancista e roteirista, ele influenciou gerações de escritores e leitores.

Segundo familiares, Rubem Fonseca sofreu um infarto e foi levado ao Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul, mas não resistiu. Até a última atualização desta reportagem, não havia informações sobre velório ou enterro.

Biografia

Nascido em Juiz de Fora (MG) em 11 de maio de 1925, José Rubem Fonseca mudou-se para o Rio aos 8 anos de idade.

Em 1948, formou-se em Direito Forma-se na Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. Em 1952, passou a trabalhar como comissário no no 16º Distrito Policial, em São Cristóvão, no Rio. Ficou na polícia até 1954.

Na década seguinte, prestou serviços para o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), vinculado ao golpe militar de 1964. Mais tarde, ele negou que tivesse apoiado o regime.

Em 2015, ao receber o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto da obra, Rubem Fonseca citou seu livro de estreia, escrito aos 17 anos.

Ele também falou sobre como a obra chocou o primeiro editor a quem ela foi oferecida. O "problema" teria sido, justamente, a presença de palavrões no texto (assista, no vídeo acima, a um trecho do discurso).

Questionado sobre o fato de Machado de Assis e Eça de Queiroz, algumas de suas inspirações, não usarem palavrões em seus textos, Fonseca afirmou que as palavras não devem ser discriminadas.

"Eu escrevi 30 livros. Todos cheios de palavras obscenas. Nós, escritores, não podemos discriminar as palavras. Não tem sentido um escritor dizer: 'Eu não posso usar isso'. A não ser que você escreva um livro infantil. Toda palavra tem que ser usada", disse.

Veja, abaixo, os principais livros de Rubem Fonseca

Contos e crônicas

  • "Os prisioneiros" (1963)
  • "A coleira do cão" (1965)
  • "Lúcia McCartney" (1967)
  • "Feliz Ano Novo" (1975)
  • "O cobrador" (1979)
  • "O buraco na parede" (1995)
  • "A Confraria dos espadas (1998)
  • "Secreções, excreções e desatinos" (2001)
  • "Pequenas criaturas" (2002)
  • "Mandrake, a Bíblia e a Bengala" (2005)
  • "Ela e outras mulheres" (2006)
  • "O romance morreu" (2007)
  • "Axilas e outras histórias indecorosas" (2011)
  • "Histórias de amor" (2012)
  • "Amálgama" (2013)
  • "Histórias curtas (2015)
  • "Calibre 22" (2017)
  • "Carne crua" (2018)

Romances

  • "O caso Morel" (1973)
  • "A grande arte" (1983)
  • "Bufo & Spallanzani" (1985)
  • "Vastas emoções e pensamentos imperfeitos" (1988)
  • "Agosto" (1990)
  • "O selvagem da ópera" (1994)
  • "Diário de um fescenino" (2003)
  • "José" (2011)

Novelas

  • "E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto" (1997)
  • "O coente Molière" (2000)
  • "O seminarista" (2009)

Antologias

  • "O homem de fevereiro ou março" (1973)
  • "Romance negro e outras histórias" (1992)
  • "Contos reunidos" (1994)
  • "64 Contos de Rubem Fonseca" (2004)
  • "O melhor de Rubem Fonseca (2015)

Veja, abaixo, as principais adaptações da obra de Rubem Fonseca:

TV

  • "Agosto" (1993) - minissérie
  • "Mandrake" (2005-2007) - série

Cinema

  • "Lúcia McCartney, uma garota de programa" (1971)
  • "A grande arte" (1991)
  • "Buffo & Spallanzani" (2001)
  • "O cobrador" (2006)

Veja, abaixo, os principais prêmios recebidos por Rubem Fonseca:

Jabuti - 6 vezes

O Jabuti é atribuído pela Câmara Brasileira do Livro e é tido como um dos mais tradicionais da literatura brasileira.

  • Em 1970, por "Lucia McCartney"
  • Em 1984, por "A grande arte"
  • Em 1996, por "O buraco na parede"
  • Em 2002, por "Secreções, excreções e desatinos"
  • Em 2003, por "Pequenas criaturas"
  • Em 2014, por "Amálgama"

Prêmio Camões 2003

Instituído em 1988, o Prêmio Camões de Literatura tem o objetivo de reconhecer um autor de língua portuguesa que tenha "contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural" do idioma através de seu conjunto da obra, segundo a organização.

Entregue pelos governos de Brasil e Portugal, é o principal da literatura em língua portuguesa. Os vencedores a cada edição são escolhidos dentre autores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP.) O júri tem representantes do Brasil, de Portugal e de países africanos de língua oficial portuguesa.

Prêmio Machado de Assis 2015

O Prêmio Machado de Assis foi criado pela Academia Brasileira de Letras em 1941. Já teve como ganhadores Mario Quintana, Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar e Guimarães Rosa.

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