Alexandre de Moraes, do STF, suspende nomeação de Ramagem na PolĂ­cia Federal

Por: Folhapress O ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para diretoria-geral da PolĂ­cia Federal feita um dia antes pelo...

Por João Paulo Pereira em 29/04/2020 às 10:58:57
Por: FolhapressO ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para diretoria-geral da PolĂ­cia Federal feita um dia antes pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A posse estava marcada para a tarde desta quarta-feira (29). Moraes atendeu a um pedido do PDT, que entrou com um mandado de segurança no STF alegando "abuso de poder por desvio de finalidade" com a nomeação do delegado para a PF. "Defiro a medida liminar para suspender a eficĂĄcia do decreto [de nomeação] no que se refere à nomeação e posse de Alexandre Ramagem Rodrigues para o cargo de Diretor-Geral da PolĂ­cia Federal", diz a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal. Após a saĂ­da de Sergio Moro do governo sob a alegação de interferĂȘncia polĂ­tica na PolĂ­cia Federal, a nomeação do novo diretor-geral da corporação pelo presidente Jair Bolsonaro virou alvo de uma sĂ©rie de ações na Justiça e de resistĂȘncia no Congresso. Bolsonaro oficializou no DiĂĄrio Oficial da União desta terça-feira (29) os nomes do advogado AndrĂ© de Almeida Mendonça, 47, para substituir Moro no MinistĂ©rio da Justiça, e do delegado Alexandre Ramagem, 48, para a vaga de MaurĂ­cio Valeixo na Diretoria-Geral da PF. A nomeação de Ramagem, amigo do clã Bolsonaro que era diretor-geral da Abin (AgĂȘncia Brasileira de InteligĂȘncia), motivou uma ofensiva judicial para barrĂĄ-la, tendo em vista os interesses da famĂ­lia e de aliados do presidente em investigações da PolĂ­cia Federal. O plano de troca da chefia da PF foi estopim da saĂ­da de Moro. O ex-ministro disse que Bolsonaro queria ter uma pessoa do contato pessoal dele no comando da corporação para poder "colher informações" e "relatórios" diretamente. Diante da nomeação de Ramagem, partidos e movimentos polĂ­ticos entraram com ações judiciais para tentar impedir a posse, marcada para as 15h desta quarta (29). Eles alegam "abuso de poder" e "desvio de finalidade" na escolha. No final da tarde desta terça, havia ao menos seis processos pedindo a suspensão da nomeação de Ramagem, alegando que Bolsonaro praticou "aparelhamento particular" ao indicĂĄ-lo para a função. A base dos pedidos Ă© a denĂșncia de Moro alegando interferĂȘncia do presidente da RepĂșblica na PolĂ­cia Federal. Diferentemente dos elogios ao nome do novo ministro da Justiça, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que Ramagem terĂĄ "dificuldade na corporação, na forma como ficou polĂȘmica a sua nomeação". "A gente sabe que a PolĂ­cia Federal Ă© uma corporação muito unida, que trabalha de forma muito independente. Qualquer tipo de interferĂȘncia Ă© sempre rechaçado. A gente viu em outros governos que foi assim. Mas eu não conheço [Ramagem]", disse à Band o presidente da Câmara. Ramagem se aproximou da famĂ­lia Bolsonaro durante a campanha de 2018, quando comandou a segurança do então candidato a presidente depois do episódio da facada. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) Ă© um dos seus principais fiadores e esteve à frente da decisão que levou Ramagem ao comando da Abin. No sĂĄbado (25), a Folha mostrou que uma apuração comandada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), com participação de equipes da PF, tem indĂ­cios de envolvimento de Carlos em um esquema de disseminação de fake news. Na noite de segunda (27), Bolsonaro disse não haver esquema de notĂ­cias falsas. "Meu Deus do cĂ©u. Isso Ă© liberdade de expressão. VocĂȘs deveriam ser os primeiros a ser contra a CPI das Fake News. O tempo todo o objetivo da CPI Ă© me desgastar", afirmou Bolsonaro, ao ser questionado sobre possĂ­veis prejuĂ­zos que a troca no comando da PolĂ­cia Federal traria à investigação sobre as fake news. Foto postada por Carlos Bolsonaro em rede social mostra à direita do vereador o agora diretor-geral da PolĂ­cia Federal Alexandre Ramagem Reprodução/Carlos Bolsonaro no Instagram Foto postada por Carlos Bolsonaro em rede social mostra à direita do vereador o delegado Alexandre Ramagem, escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para o comando da PF ** A Rede Sustentabilidade tambĂ©m entrou no STF contra a nomeação de Ramagem. O partido apresentou ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental) afirmando que conversa por aplicativo entre Bolsonaro e Moro "demonstram de forma inequĂ­voca a vontade de interferĂȘncia em investigações". Para o senador Randolfe Rodrigues (AP), lĂ­der da sigla no Senado, apesar de preencher os requisitos estritamente legais, a nomeação Ă© "uma tentativa de Bolsonaro controlar e abafar investigações da instituição que envolvem seus familiares e conhecidos". Randolfe, ao lado do senador Fabiano Contarato (ES), Ă© autor de outra ação no JudiciĂĄrio. Os parlamentares pediram para que fosse anulada a exoneração de Valeixo e suspensas novas nomeações. A ofensiva, porĂ©m, foi rejeitada pelo juiz Ed Leal, da 22ÂȘ Vara Federal CĂ­vel do DF. Os advogados da Rede avisaram que irão recorrer. O PSOL, atravĂ©s do deputado federal Marcelo Freixo (RJ), entrou com ação, mas preferiu contestar a nomeação à primeira instância da Justiça. "Não permitiremos que o presidente transforme a PF numa polĂ­cia polĂ­tica a serviço da famĂ­lia", afirmou. A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) ingressou com ação na Justiça Federal em BrasĂ­lia pedindo para que Ramagem seja proibido de assumir. O coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), Rubinho Nunes, confirmou que o grupo polĂ­tico tambĂ©m entrou com ação contra a posse.
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