Por MĂĄrcio Falcão, Rosanne D'Agostino e Fernanda Vivas, G1 e TV Globo
Laudos entregues pelo governo ao Supremo Tribunal Federal (STF) indicam que o presidente Jair Bolsonaro teve resultado negativo nos exames para o novo coronavĂrus. Os exames foram abertos ao pĂșblico nesta quarta-feira (13).
Os documentos só foram divulgados após o jornal "O Estado de S. Paulo" entrar na Justiça pedindo acesso.
Antes, o presidente jĂĄ tinha anunciado os resultados negativos em redes sociais, mas se recusava a mostrar os laudos em si.
Os trĂȘs exames usaram o mĂ©todo PCR, considerado mais eficaz porque rastreia o material genĂ©tico do coronavĂrus. Ele identifica bem a Covid-19 a partir dos primeiros trĂȘs dias de sintomas - diferentemente do teste rĂĄpido, que tem eficĂĄcia maior após o 10Âș dia de sintomas.
Segundo ofĂcios anexados pela AGU no Supremo, foram utilizados nos laudos nomes de terceiros para preservação da imagem e privacidade do presidente da RepĂșblica e por questões de segurança. O CPF e a data de nascimento nos papĂ©is são, de fato, de Bolsonaro.
"Para a realização dos exames foram utilizados no cadastro junto ao laboratório conveniado Sabin os nomes fictĂcios Airton Guedes e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, sendo preservados todos dados pessoais de registro civil junto aos órgãos oficiais", afirma o ofĂcio do Comandante LogĂstico do Hospital das Forças Armadas, Rui Yutaka Matsuda.
O processo chegou ao Supremo Tribunal Federal e, na noite desta terça (12), a Advocacia-Geral da União (AGU) forneceu os laudos ao ministro relator, Ricardo Lewandowski. Os papĂ©is foram mantidos em envelope lacrado e, no inĂcio da tarde, Lewandowski determinou a inclusão nos autos, sem sigilo.
"Determino a juntada aos autos eletrônicos de todos os laudos e documentos entregues pela União em meu gabinete, aos quais se darĂĄ ampla publicidade", afirmou o ministro na decisão.
A ação movida pelo "Estadão" foi marcada por idas e vindas. O jornal chegou a receber decisões favorĂĄveis, com a determinação de que o exame fosse entregue em 48 horas, mas o governo conseguiu reverter a ordem no Tribunal Regional Federal da 3ÂȘ Região (TRF-3).
O jornal recorreu, então, ao Supremo. Nesta terça, a AGU decidiu entregar os laudos antes mesmo de uma decisão do ministro Lewandowski.