Governo quer auxĂ­lio rebatizado, com 3 parcelas de R$ 200 e exigĂȘncia de curso

Por Folhapress Pressionado a fazer novos pagamentos do auxĂ­lio emergencial, o governo prepara uma proposta que libera trĂȘs parcelas de R$ 200, com foco nos trabalhadores...

Por João Paulo Pereira em 08/02/2021 às 07:44:35
Por FolhapressPressionado a fazer novos pagamentos do auxĂ­lio emergencial, o governo prepara uma proposta que libera trĂȘs parcelas de R$ 200, com foco nos trabalhadores informais não atendidos pelo Bolsa FamĂ­lia. A ideia Ă© tambĂ©m estabelecer novas exigĂȘncias para o recebimento do benefĂ­cio. De acordo com um membro do governo que participa da elaboração da medida, a proposta muda o nome da assistĂȘncia, que deve passar a ser chamada de BIP (Bônus de Inclusão Produtiva). Para receber o auxĂ­lio, a pessoa terĂĄ de participar de um curso para qualificação profissional. O plano tambĂ©m prevĂȘ que o benefĂ­cio seja associado à Carteira Verde e Amarela, programa que deve ser relançado pelo governo para reduzir encargos trabalhistas e estimular a formalização de pessoas de baixa renda. Segundo uma fonte do governo, o BIP foi elaborado para dar assistĂȘncia a pessoas vulnerĂĄveis em um momento de crise, e não para ser um mecanismo de distribuição de renda, para tirar pessoas da pobreza. O argumento Ă© que o governo não tem recursos para seguir pagando um auxĂ­lio ampliado com valores mais altos. No formato agora estudado, o programa custaria pouco mais de R$ 6 bilhões por mĂȘs, bem abaixo dos R$ 50 bilhões mensais gastos com as parcelas de R$ 600 pagas a 64 milhões de pessoas em 2020. A equipe econômica quer condicionar esse gasto extra com o benefĂ­cio ao corte de despesas em outras ĂĄreas do governo. Para isso, vai propor a inclusão de uma clĂĄusula de calamidade pĂșblica na PEC (proposta de emenda à Constituição) do Pacto Federativo, que retira amarras do Orçamento e traz gatilhos de ajuste fiscal. Portanto, o novo benefĂ­cio apenas seria pago se o Congresso aprovasse a PEC, que tem medidas consideradas duras. A equipe econômica quer usar esse argumento para pressionar os parlamentares a aprovar o texto. Em um primeiro momento, o protocolo elaborado pelo governo prevĂȘ a liberação de medidas sem efeitos fiscais, como a antecipação do abono salarial (anunciada na semana passada) e do 13Âș de aposentados. O segundo passo, segundo informou à reportagem um membro da equipe econômica, serĂĄ a inclusão no Bolsa FamĂ­lia das pessoas que hoje estão na fila do programa social. No fim do ano, cerca de 1 milhão de famĂ­lias estavam nessa lista de espera. Pelo plano do governo, os beneficiados pelo Bolsa FamĂ­lia permanecerão no programa e não terão direito ao BIP. Portanto, o governo manteria o gasto de R$ 34,8 bilhões previsto para o programa em 2021. O bônus serĂĄ destinado às mais de 30 milhões de pessoas classificadas pelo governo como invisĂ­veis, aquelas que estão em uma espĂ©cie de abismo entre o Bolsa FamĂ­lia e o mercado formal de trabalho -não tĂȘm emprego e não recebem nenhuma assistĂȘncia social. O valor de R$ 200, assim como na primeira versão do auxĂ­lio emergencial em 2020, foi pensado para ficar próximo ao benefĂ­cio mĂ©dio do Bolsa FamĂ­lia, de aproximadamente R$ 190. A equipe econômica afirma que um plano mais consolidado só poderĂĄ ser feito em um novo programa, fruto de uma modernização do Bolsa FamĂ­lia, com a fusão de programas sociais existentes hoje. A ideia de alterar o nome do auxĂ­lio emergencial para BIP estĂĄ ancorada na estratĂ©gia de mudar a visão sobre o programa, que deixaria de ser uma transferĂȘncia pura de renda para se tornar um mecanismo de auxĂ­lio temporĂĄrio enquanto os informais buscam um emprego. Ao ter o benefĂ­cio autorizado, o trabalhador teria de aceitar a participação em um curso de qualificação. Modelos desenhados pelo MinistĂ©rio da Economia preveem parcerias com órgãos do Sistema S, que seriam responsĂĄveis por oferecer os treinamentos. Segundo tĂ©cnicos, a ideia Ă© ampliar o leque de oportunidades para pessoas que normalmente tĂȘm nĂ­vel baixĂ­ssimo de qualificação e encontram dificuldade na busca por um emprego formal. Para facilitar essa inserção no mercado de trabalho, o governo pretende reeditar a Carteira Verde e Amarela. O programa foi instituĂ­do no ano passado por meio de medida provisória, mas perdeu a validade sem votação no Congresso. O modelo estabelece regras mais flexĂ­veis, com a possibilidade de pagamento por hora trabalhada. Esses contratos teriam encargos trabalhistas reduzidos. Para viabilizar o funcionamento de todos esses mecanismos, o ministro Paulo Guedes (Economia) aposta na aprovação do pacto federativo pelo Congresso. O texto, que estĂĄ travado no Senado desde 2019, jĂĄ previa a emergĂȘncia fiscal, que ativaria medidas de ajuste em momentos de dificuldade financeira de algum ente. A proposta agora passaria a prever a clĂĄusula de calamidade, para ser ativada em situações agudas de uma crise sincronizada em todo o paĂ­s, como Ă© o caso da pandemia. O ministro tem afirmado a interlocutores que a compensação das despesas seria a Ășnica forma de liberar a assistĂȘncia aos vulnerĂĄveis. Caso contrĂĄrio, ele afirma que seriam desrespeitadas regras fiscais em vigor no paĂ­s, o que poderia levar ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Com o comando do Congresso nas mãos de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Arthur Lira (PP-AL), mais alinhados ao PalĂĄcio do Planalto, Guedes acredita ser possĂ­vel dar agilidade à votação do texto. Apesar do discurso otimista, o governo deve encontrar dificuldades à frente. Isso porque, alĂ©m de haver resistĂȘncia de parlamentares ao texto, as medidas de ajuste podem não ter o efeito fiscal desejado a curto prazo. Mesmo em caso de aprovação da PEC, não haveria uma garantia do pagamento do BIP, o que dependeria da calibragem dada pelo Congresso. Na avaliação da equipe econômica, se o programa de vacinação surtir efeito e reduzir fortemente a taxa de mortalidade por Covid-19, não serĂĄ necessĂĄrio acionar a clĂĄusula de calamidade e liberar o benefĂ­cio. Isso seria feito apenas se o nĂșmero de mortes diĂĄrias continuasse acima de mil.O que foi o auxĂ­lio emergencialAssistĂȘncia paga a trabalhadores informais durante a pandemia em 2020, com parcelas de R$ 600, depois prorrogadas no valor de R$ 300. Mulheres chefes de famĂ­lia recebiam o benefĂ­cio em dobroO que seria o BIPGoverno formula o Bônus de Inclusão Produtiva, com trĂȘs parcelas de R$ 200, pagas a mais de 30 milhões de trabalhadores informaisComo ficaria o Bolsa FamĂ­liaO governo quer zerar a fila de espera do programa. BeneficiĂĄrios continuariam no Bolsa FamĂ­lia e não receberiam o BIPExigĂȘncia para receber o BIPPara ter acesso ao bônus, a pessoa teria de aceitar fazer um curso de qualificação profissional. O programa ainda seria associado à Carteira Verde e Amarela, que flexibiliza regras trabalhistas e reduz encargos para trabalhadores de baixa rendaPrograma depende de ajuste fiscalO gasto com os benefĂ­cios seria condicionado ao corte de despesas em outras ĂĄreas do governo. A ideia Ă© incluir uma clĂĄusula de calamidade pĂșblica na PEC do Pacto Federativo, que retira amarras do Orçamento e traz gatilhos de ajuste fiscal R$ 293 bilhões Foi o custo do auxĂ­lio emergencial em 2020 R$ 18 bilhões É o custo estimado do BIP, com trĂȘs parcelas de R$ 200. Governo ainda seguiria com a despesa de R$ 34,8 bilhões prevista para o ano com o Bolsa FamĂ­lia
Comunicar erro

ComentĂĄrios