Os "soldados de jaleco branco" na guerra contra a Covid-19

Por João Paulo Pereira - Repórter do Sertão Em Itapetim, no Sertão do Pajeú pernambucano, assim como no resto do mundo, a luta contra a pandemia não foi e nem está sendo...

Por João Paulo Pereira em 06/05/2021 às 18:32:53
Por João Paulo Pereira - Repórter do SertãoEm Itapetim, no Sertão do Pajeú pernambucano, assim como no resto do mundo, a luta contra a pandemia não foi e nem está sendo uma tarefa fácil. Até agora o município já registrou 21 óbitos e conta com 913 casos positivos e 885 recuperados, apesar de todo esforço dos órgãos de saúde locais e o trabalho incansável dos profissionais da saúde e por que não dizer: "os soldados de jaleco branco". O Brasil registra atualmente mais de 400 mil mortos pela doença, dentre os quais, estão muitos profissionais da linha de frente, que perderam a batalha tentando salvar pessoas da mira letal do coronavírus. Em 26 de fevereiro de 2020, o país confirmava o primeiro caso de coronavírus em um homem de 61 anos, morador do estado de São Paulo, que veio da Itália. Naquela data os brasileiros começavam a enfrentar a guerra silenciosa originada na China e disseminada para o resto do mundo. No mesmo período tinha início a luta das autoridades para tentar evitar que o vírus se espalhasse pelo Brasil, mas as tentativas foram sem sucesso e no dia 12 de março de 2020, era registrada a morte de uma paciente de 57 anos em São Paulo, primeira vítima fatal da Covid-19 no país. Já acostumados a salvar vidas em muitas outras situações, os "soldados de jaleco branco" foram convocados a entrar no campo de batalha que, até então, ainda não era possível saber a dimensão e quanto tempo teriam que lutar contra o invisível. A esperança surgiu no dia 17 de janeiro deste ano quando a enfermeira Mônica Calazans recebeu a primeira dose da Coronavac em São Paulo. Assim os "soldados de jaleco branco" ganharam uma arma muito mais poderosa para derrotar o inimigo, a vacina. Apesar da luta que continua árdua nos hospitais, agora a caminhada é para levar a dose da esperança aos brasileiros, mesmo que a baixa quantidade de vacinas distribuídas para os municípios e, os obstáculos naturais, se tornem os maiores empecilhos para que o imunizante chegue aos cidadãos e cidadãs que aguardam ansiosos pela vacina. Para os itapetinenses, a esperança se acendeu quando a técnica em enfermagem Maria Lúcia Paes de Andrade, de 55 anos, recebeu a primeira dose do imunizante em 19 de janeiro. Lúcia é servidora da saúde há 30 anos e trabalha na Unidade Mista Maria Silva. Ela entrou para a história como a primeira pessoa a ser imunizada contra o coronavírus no município. [caption id="attachment_42098" align="alignnone" width="800"] Técnica em enfermagem, Maria Lúcia Paes de Andrade, foi a primeira pessoa vacinada contra a Covid-19 em Itapetim. Foto: Wallisson Lima[/caption] Itapetim tem se destacado na campanha de vacinação da Covid, chegando a liderar na regional e ficar em 4º lugar no estado como o município que mais vacinou considerando o número de doses recebidas. Vale destacar o empenho do Governo Municipal, através da Secretaria de Saúde, e a dedicação dos personagens mais importantes, os "soldados de jaleco branco". Com chuva ou com sol, de carro ou a pé, eles levam a dose da esperança aos itapetinenses que residem nos lugares mais distantes do município. Mesmo com todo apoio da gestão municipal disponibilizando transporte para as equipes, em muitos lugares, os veículos não conseguem chegar por conta das chuvas. Nestes casos a solução encontrada pelos vacinadores é seguir a caminhada a pé vencendo os obstáculos até chegar ao destino. A foto acima mostra a vacinadora Leonor Cléria e a agente de saúde, Ana Paula, atravessando o Rio Pajeú para vacinar um casal de idosos morador do Sítio Cacimba Nova, na zona rural de Itapetim. A cena foi registrada na quarta-feira (05). Leonor contou ao Repórter do Sertão, que o carro não conseguiu passar no rio e a solução foi atravessar a pé e seguir uma caminhada de quase uma hora para chegar à residência dos idosos. [caption id="attachment_42095" align="alignnone" width="720"] Leonor caminhou quase uma hora até chegar a casa dos idosos para vaciná-los. Foto cedida pela vacinadora.[/caption] "A gente viu a necessidade de atravessar o Rio Pajeú para vacinar dois idosos que ficam do outro lado do rio. Pra mim foi muito gratificante chegar a casa daquelas pessoas levando uma dose de amor, de esperança, e eles abrirem um sorriso e agradecer de verdade pelo sacrifício que a gente fez. Apesar dos obstáculos eu estou muito feliz, quando se tem amor pelo o que está fazendo, nada impede que a gente chegue ao fim", disse Leonor. [caption id="attachment_42096" align="alignnone" width="960"] Depois dos obstáculos impostos pela natureza, Leonor aplica a segunda dose da vacina em idosa da zona rural de Itapetim. Foto: Arquivo pessoal[/caption] No momento atual, nenhum obstáculo é motivo para que os "soldados de jaleco branco" desistam da luta contra o mal. Mesmo cumprindo o dever do ofício, a vontade de ajudar e o amor pelo que fazem encoraja-os a ultrapassar qualquer barreira. "Quando a gente faz o que gosta, a gente faz com amor. A dificuldade é enorme, mas a vontade de ajudar aqueles que mais necessitam ultrapassamos todo e qualquer obstáculo. É Muito gratificante ver a felicidade dos idosos e dos seus familiares", relatou a vacinadora Elidiane Arlete, também de Itapetim, que viveu uma situação parecida com a de Leonor e Ana Paula. [caption id="attachment_42097" align="alignnone" width="1280"] Elidiane Arlete durante travessia de um riacho para levar a dose da esperança a uma idosa na zona rural de Itapetim. Foto: Arquivo pessoal[/caption] Arlete explicou que nesta quinta-feira (06), teve que atravessar um riacho a pé para vacinar uma idosa que mora do outro lado do córrego na comunidade rural de Santo Antônio de Lima, como mostra a foto acima. De acordo com ela, o carro não conseguiu passar por causa da água. Assim como Leonor, Ana Paula e Arlete, existem tantos outros "soldados de jaleco branco" em Itapetim, no Brasil e no Mundo, salvando vidas e levando esperança numa guerra que já destruiu milhões de vidas no planeta.    
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