Corrida por vacina para Covid-19 se acelera

Por: AFP Com mais de 100 projetos iniciados e uma dĂșzia de ensaios clĂ­nicos, o mundo espera ter uma vacina eficaz contra a Covid-19 dentro de alguns meses, uma doença que...

Por João Paulo Pereira em 13/05/2020 às 14:42:57
Por: AFPCom mais de 100 projetos iniciados e uma dĂșzia de ensaios clĂ­nicos, o mundo espera ter uma vacina eficaz contra a Covid-19 dentro de alguns meses, uma doença que desencadeou pesquisas maciças em tempo recorde. Estes são os dados e os desafios mais recentes relacionados à fabricação de vacinas contra o coronavĂ­rus SARS-Cov-2, responsĂĄvel pela pandemia que jĂĄ matou quase 300.000 pessoas."Um imperativo global""O rĂĄpido desenvolvimento de uma vacina para prevenir a Covid-19 Ă© um imperativo global". Como outros especialistas, o americano Barney S. Graham, do Centro de Pesquisa de Vacinas (Institutos Nacionais de SaĂșde dos Estados Unidos, NIH) considera crucial a batalha das vacinas na guerra travada pelo planeta contra o novo coronavĂ­rus. Autoridades internacionais como o secretĂĄrio-geral da ONU, António Guterres, tambĂ©m estão convencidos disso: uma vacina segura e eficaz seria "a Ășnica ferramenta que permitiria um retorno a uma normalidade". A vacina "salvaria milhões de vidas" e "bilhões de dólares", enfatizou em abril.Mais de 100 projetos em andamentoDado o interesse global, tanto no nĂ­vel da saĂșde quanto da economia, o nĂșmero de projetos continua a aumentar. A Organização Mundial da SaĂșde (OMS) havia registrado no final de abril 76, cinco dos quais na fase de ensaios clĂ­nicos. Agora, contabiliza 110, oito deles na fase de ensaios clĂ­nicos (em 11 de maio). A London School of Hygiene & Tropical Medicine informou que pelo menos 157 projetos de vacinas anti-COVID estão sendo realizados, 11 dos quais estão na fase de ensaios clĂ­nicos.Diferentes abordagensA OMS classificou os 100 projetos em andamento em oito categorias diferentes, correspondentes aos tipos de vacinas testadas, ou experimentais. Trata-se de vacinas clĂĄssicas do tipo "vivas atenuadas", ou "inativas", vacinas chamadas de "subunidades" baseadas em proteĂ­nas (com um antĂ­geno para o sistema imunológico, sem partĂ­culas virais). TambĂ©m foram iniciados projetos de vacinas do tipo "vetor viral", utilizando tĂ©cnicas de ponta para fabricar vĂ­rus cujo Ășnico objetivo Ă© provocar uma reação imune em humanos; e outros de vacinas de "DNA", ou "RNA", que são produtos experimentais que usam fragmentos de material genĂ©tico modificado.Fracasso tambĂ©m Ă© uma opçãoA exploração de vĂĄrias pistas aumenta as chances de sucesso. "O fato de existirem muitos tipos diferentes de vacinas incentiva a esperança de encontrar algo que funcione", comentou a virologista francesa Marie-Paule Kieny. Mas "o caminho para uma vacina eficaz Ă© tortuoso, e apenas algumas podem ser bem-sucedidas", considerou a pesquisadora britânica Sarah Caddy, da Wellcome Trust Foundation e da Universidade de Cambridge. EstĂĄ descartada a possibilidade de uma vacina eficaz? "Na pesquisa, nada Ă© descartado", respondeu o diretor cientĂ­fico do Instituto Pasteur, Christophe d'Enfer, citando o exemplo do HIV. "Mais de 30 anos após sua descoberta, nenhuma vacina foi encontrada" para a aids, enfatizou no final de abril.Aceleração sem precedentesNesse contexto, o anĂșncio da Sinovac Biotech, um dos quatro laboratórios chineses autorizados a conduzir ensaios clĂ­nicos, de que estava preparado para produzir 100 milhões de doses de vacina por ano sob o nome comercial "Coronavac" pode parecer um pouco apressado, uma vez que ainda não hĂĄ comprovação de eficĂĄcia, ou segurança. Mas este laboratório não foi o Ășnico a acelerar o ritmo: o americano Pfizer jĂĄ indicou que deseja produzir de 10 milhões a 20 milhões de doses de uma vacina experimental atĂ© o final do ano. Na França, o Instituto Pasteur começarĂĄ os ensaios clĂ­nicos de seu mais avançado projeto em julho e espera obter os primeiros resultados em outubro, segundo a coordenadora Christiane Gerke. "Em geral, o desenvolvimento de uma vacina dura dezenas de anos", comentou Barney S. Graham. "Ter vacinas aprovadas e disponĂ­veis para distribuição em larga escala, atĂ© o final de 2020, ou atĂ© 2021, seria algo nunca visto antes", acrescentou.Distribuição igualitĂĄria?Se resultados positivos forem obtidos rapidamente para as primeiras vacinas, a questão que surgirĂĄ imediatamente serĂĄ sobre seu uso e disponibilidade. "A grande questão Ă© saber como essas vacinas serão usadas. Todo mundo teme que elas sejam apropriadas por paĂ­ses que colocaram em marcha capacidades de produção em seu território", disse Marie-Paule Kieny à rĂĄdio France Info. No final de abril, a OMS organizou uma reunião internacional para garantir uma "distribuição equitativa de vacinas". Os chefes de Estado europeus participaram da teleconferĂȘncia, mas nem os Estados Unidos nem a China estavam representados.
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