Câmara aprova auxĂ­lio de R$ 600 por mĂȘs para trabalhador informal

Por Heloisa Cristaldo - AgĂȘncia Brasil O plenĂĄrio da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (26) auxĂ­lio emergencial por trĂȘs meses, no valor de R$ 600,00,...

Por João Paulo Pereira em 27/03/2020 às 07:41:31

Por Heloisa Cristaldo - AgĂȘncia Brasil

O plenĂĄrio da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (26) auxĂ­lio emergencial por trĂȘs meses, no valor de R$ 600,00, destinados aos trabalhadores autônomos, informais e sem renda fixa durante a crise provocada pela pandemia de coronavĂ­rus. A matĂ©ria segue para anĂĄlise do Senado. Pelo texto do relator, deputado Marcelo Aro (PP-MG), o auxĂ­lio pode chegar a R$ 1.200 por famĂ­lia. O valor final, superior aos R$ 200 anunciados pelo Executivo no inĂ­cio da crise em virtude da pandemia, foi possĂ­vel após articulação de parlamentares com membros do governo federal. O projeto prevĂȘ ainda que a mãe provedora de famĂ­lia "uniparental" receba duas cotas. Os trabalhadores deverão cumprir alguns critĂ©rios, em conjunto, para ter direito ao auxĂ­lio: - ser maior de 18 anos de idade; - não ter emprego formal; - não receber benefĂ­cio previdenciĂĄrio ou assistencial, seguro-desemprego ou de outro programa de transferĂȘncia de renda federal que não seja o Bolsa FamĂ­lia; - renda familiar mensal per capita (por pessoa) de atĂ© meio salĂĄrio mĂ­nimo (R$ 522,50) ou renda familiar mensal total (tudo o que a famĂ­lia recebe) de atĂ© trĂȘs salĂĄrios mĂ­nimos (R$ 3.135,00); e - não ter recebido rendimentos tributĂĄveis, no ano de 2018, acima de R$ 28.559,70. Pelo texto, o beneficiĂĄrio deverĂĄ ainda cumprir uma dessas condições: - exercer atividade na condição de microempreendedor individual (MEI); - ser contribuinte individual ou facultativo do Regime Geral de PrevidĂȘncia Social (RGPS); - ser trabalhador informal inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico); ou - ter cumprido o requisito de renda mĂ©dia atĂ© 20 de março de 2020. Pelas regras, o trabalhador não pode ter vĂ­nculo formal, ou seja, não poderão receber o benefĂ­cio trabalhadores formalizados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e servidores pĂșblicos. Pela proposta, tambĂ©m serĂĄ permitido a duas pessoas de uma mesma famĂ­lia acumularem benefĂ­cios: um do auxĂ­lio emergencial e um do Bolsa FamĂ­lia. Se o auxĂ­lio for maior que a bolsa, a pessoa poderĂĄ fazer a opção pelo auxĂ­lio. O pagamento serĂĄ realizado por meio de bancos pĂșblicos federais via conta do tipo poupança social digital. Essa conta pode ser a mesma jĂĄ usada para pagar recursos de programas sociais governamentais, como PIS/Pasep e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), mas não pode permitir a emissão de cartão fĂ­sico ou cheques.

Impacto fiscal

No inĂ­cio da tarde, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu o auxĂ­lio de R$ 500 durante o perĂ­odo de crise. Segundo ele, o valor referente a meio salĂĄrio-mĂ­nimo (atualmente em R$ 1.039) deveria ser pago por trĂȘs meses e teria um impacto fiscal estimado entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões. Com a mudança, a perspectiva fiscal Ă© de um impacto de R$ 14 bilhões. Maia argumentou que o valor pago aos profissionais informais deve ser mantido caso ainda haja necessidade após os trĂȘs meses previstos no texto. "Não Ă© possĂ­vel que a gente não possa garantir aos trabalhadores informais uma renda por esse perĂ­odo de trĂȘs meses e avaliando esse cenĂĄrio a cada semana, porque isso Ă© um cenĂĄrio de guerra. É importante que a gente possa aplicar os recursos [pĂșblicos] tambĂ©m na sociedade brasileira", disse o presidente da Câmara. O lĂ­der do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), destacou o apoio de presidente Jair Bolsonaro para o auxĂ­lio de R$ 600. "O presidente Bolsonaro, muito sensĂ­vel a esses 25 milhões de brasileiros que são os mais afetados, os mais sofridos, atento às reivindicações dos lĂ­deres partidĂĄrios, decidiu apoiar a medida de R$ 600. Isso vai fazer com que as famĂ­lias que tĂȘm duas pessoas nessa condição tenham mais do que 1 salĂĄrio mĂ­nimo, serão R$ 1.200." Para o lĂ­der minoria, deputado JosĂ© Guimarães (PT-CE), a medida Ă© essencial em tempos de crise. "Nós temos a compreensão de que, em um momento como esse, de grave crise na economia real, que estĂĄ impactando a saĂșde pĂșblica no Brasil, nós não podemos ter restrições para gastar. Portanto, o gasto com a saĂșde tem que ser ilimitado", afirmou. O lĂ­der do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), afirmou que a proposta garante o "mĂ­nimo de esperança" para trabalhadores informais, mas tambĂ©m serão necessĂĄrias medidas para micro e pequenas empresas. "São os informais que hoje não estão trabalhando, não tĂȘm renda. Hoje não tĂȘm a mĂ­nima esperança de chegar ao final do mĂȘs e ter o seu dinheiro para comprar as necessidades mais bĂĄsicas da sua famĂ­lia', argumentou o parlamentar", disse. "Nós aguardamos agora crĂ©dito para as pequenas e mĂ©dias empresas, porque nós sabemos que tambĂ©m elas estão paradas e não tĂȘm como se sustentar. É preciso que o governo olhe para as pequenas e mĂ©dias empresas e possa liberar crĂ©dito barato extraordinĂĄrio para essa finalidade, e tambĂ©m a medida provisória para garantir emprego e o seguro-desemprego para os trabalhadores".

Hospitais filantrópicos

O plenĂĄrio tambĂ©m aprovou nesta quinta a suspensão, por 120 dias, a contar de 1Âș de março, a obrigatoriedade de hospitais filantrópicos de cumprirem metas quantitativas e qualitativas contratadas junto ao Sistema Único de SaĂșde (SUS). Em troca de isenção de impostos, essas unidades de saĂșde precisam prestar serviços de saĂșde como consultas, exames e procedimentos de mĂ©dia e alta complexidade (cirurgias, por exemplo) ao SUS. No entanto, por causa da crise provocada pela pandemia de coronavĂ­rus, esses hospitais não conseguirão atingir as metas de quantidade e qualidade para que as mantenedoras possam contar com a isenção. "[A medida] garante aos prestadores de serviço do SUS, especialmente as santas casas, hospitais universitĂĄrios, a manutenção dos recursos que esses prestadores recebem mensalmente e que, infelizmente, podem ser interrompidos neste momento da pandemia do coronavĂ­rus", disse o deputado Dr Luizinho (PP-RJ). "Porque infelizmente, neste momento, nós temos uma situação que suspende as cirurgias eletivas. A maioria desses prestadores de serviço trabalham com as cirurgias eletivas, com procedimentos ambulatoriais e certamente serão afetados. Por isso, a manutenção por 120 dias Ă© fundamental, a fim de que eles possam ter a manutenção das suas atividades, da situação econômica dos seus empregos", completou o parlamentar.

Adicional de insalubridade

Outra proposta aprovada pelos parlamentares garantiu um adicional de insalubridade para trabalhadores de serviços essenciais ao combate a epidemias em casos de calamidade pĂșblica. O texto prevĂȘ que profissionais da ĂĄrea de saĂșde, segurança pĂșblica, vigilância sanitĂĄria, corpo de bombeiros e limpeza urbana no combate de epidemias devem receber o pagamento de adicional de insalubridade em grau mĂĄximo, o equivalente a 40% do salĂĄrio mĂ­nimo da região (R$ 418).
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