Um grave acidente de carro em Cali tirou a vida de Freddy Rincón, um dos maiores jogadores da história da Colômbia que deixou seu legado na seleção nacional e no futebol brasileiro, principalmente pelas passagens no Palmeiras e no Corinthians.
Aos 55 anos, ele não resistiu aos ferimentos na cabeça e teve a morte cerebral declarada nesta quarta-feira num hospital local. Natural de Buenaventura, ele deixa quatro filhos: Freddy, Sebástian, de 28 anos, jogador do Barraca Central, da Argentina, Leonardo e Maria Clara.
Rincón teve uma carreira vitoriosa em âmbito internacional, tendo sido o primeiro jogador colombiano a integrar o elenco do Real Madrid, na temporada de 1995/1996, depois de jogar um ano no Nápoli. Ele fez história na melhor geração do futebol colombiano, ao lado do goleiro Higuita, do atacante Asprilla, e do meio-campo Valderrama, comandados por Carlos Maturana, que conseguiu se classificar para três Copas do Mundo seguidas, em 1990, 1994 e 1998.
Dali, uma sucessão de transferências internacionais. Teve seu primeiro contato com o futebol brasileiro com o Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo, em 1994, e conquistou o Paulistão. Ele considera aquele time o melhor em que atuou no Brasil. O jogo vistoso o levou para o Nápoli e, em seguida, o Real Madrid, onde não conseguiu encaixar seu talento. Retornou ao Brasil de onde não mais sairia até encerrar a carreira.
Foi em solo brasileiro que o futebol de Rincón realmente brilhou em clubes. Após mais uma temporada no Palmeiras, o colombiano se encontrou nos braços da torcida corintiana que o fez ídolo a partir de 1997. Bicampeão brasileiro, campeão paulista e o inesquecível título mundial em 2000. Ao todo, foram 158 jogos e 11 gols.
Rincón também foi decisivo no Mundial de Clubes da Fifa de 2000. O camisa 8 marcou o segundo gol da vitória por 2 a 0 sobre o Al Nassr, da Arábia Saudita, garantindo a classificação para a final. Foi por causa daquele gol que o Corinthians desbancou o Real Madrid, no desempate por saldo (4 a 3). Diante do Vasco na decisão, após a vitória nos pênaltis, eternizou a foto com a taça como capitão do time.
Antes de se aposentar, Rincón ainda jogou no Santos e no Cruzeiro até o início dos anos 2000, e teve um breve retorno ao Corinthians, em 2004. A última partida oficial, no entanto, foi em 2013. Aos 46 anos, ele realizou o sonho de encerrar a carreira no América de Cali em um jogo amistoso.
Após a carreira de jogador, Rincón tornou-se técnico em terras brasileiras. Ele comandou o Iraty Sport Club (PR), Sao Bento (SP) e Sao José (SP), entre 2006 e 2009. Também trabalhou nas divisões de base do Corinthians além de ser auxiliar técnico de Vanderlei Luxemburgo, no Atlético-MG, e de Jorge Luis Pinto, no Millonarios (COL).
Fora das quatro linhas, Rincón viveu uma das experiências mais traumáticas da vida. Em maio de 2007, o ex-jogador foi preso em sua casa em São Paulo acusado de lavagem de dinheiro no Panamá e associação ao narcotráfico. O pedido de prisão veio da justiça panamenha, que emitiu a ordem à Interpol. O colombiano ficou preso por cerca de quatro meses na PF até ser liberado e a responder em liberdade.
Oito anos depois, a Interpol novamente emitiu ordem de captura e prissão para Rincón pelas mesmas acusações. O ex-jogador teria adquirido propriedades no Panamá com dinheiro do narcotraficante Pablo Rayo Montaño, ex-integrante do cartel de Cali, que foi preso no Brasil em 2006. Ambos são nascidos no porto de Buenaventura e fizeram negócios numa empresa de pesca. De acordo com a Justiça, o negócio era usado pelo traficante para lavar dinheiro.
Ele chegou a ter bens bloqueados, como casas e fazendas, até que, em 2016, a Justiça o absolveu de todas as acusações.
Fonte: Por Agência O Globo